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Uyuni - Bolivia 2010

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O Marco Plinio Marcos

Zé Celso
25-11-2009 ////////

Zé Celso

Pagu deu o passe de bola da antropofagia pro jogador de futebol palhaço de circo, rádio, Plínio Marcos. Ele, dono da bola, escriturou sua primeira peça teatral, ou melhor seu primeiro Evangelho, marcando o primeiro Marco da revolução cultural brazyleira com “Barrela”. A peça grafada na o português-crioulo-cosmopolita giriado na língua girante do “povo por fóra”, lunpen, como diziam com desprezo, os comunistas caretas. Língua da Marginália do Porto Exportador mais rico de Café do Brasil, expandindo-se pelas ruas, morros, mar de Santos. Pela “língua” a começar com a sintomática palavra Barrela (Dicionário On Line: "Operação que consiste em tratar a roupa suja pela lixívia. Acto! Ato de limpar, purificar). Os censores proibiram esta “língua suja” que phala como phalamos, de penetrar no apartheid do Teatro Brasileiro, de invadir seus palcos, pistas, arenas. Mas no ano pagão de 1967 a “Navalha da Carne” apresentada pela 1º vez no aparelho Teat(r)al, um teatrinho no apê de Cacilda Becker & Walmor Chagas no alto da Av. Paulista, onde a diva arfou sem cessar, quase chegando á um ataque de asma, segundo Marilda então Pedroso, casada com o jornalista Bráulio Pedroso, que iria lançar o grande ator Plínio Marcos na 1º novela e das raras, pra valer da TV Brazyleira “Beto Rockfeller.”

Nesta Noite as palavras mântricas da “Navalha na Carne” abriram a brecha da Jaula da língua, do povo que phala nela, da revolução cultural brazyleira que emergiu. Nunca Plínio foi percebido assim, mas hoje eu tenho a certeza que a Tropicália, nasceu em 1958 com“Barrela”e foi aberta magicamente pela escrita deste bruxo. Não confundir com a língua naturalista, língua de poeta forjador da língua, como Pound, Beckett, Nelson Rodrigues, Oswald, Noel Rosa, etc.

Dia 19 de Agosto de 1967, Oswald de Andrade, renascia no ”O Rei da Vela” e apagava o quadro da história do Brasil: a 1ª Missa e via o quadro ainda não pintado, da inicial civilização brazyleira: a devoração do Bispo Sardinha que partira de Barco para Roma em busca de mulheres brancas para que os portugueses não cruzassem com as índias e criasse um brazyl, mestiço. Nos recifes do litoral de Sergipe, os índios Caetês, terra do presidente Lula que hoje phala na língua que o Poeta Plínio Marcos libertou, é devorado.

Toda nossa geração abriu as portas do nosso apartheid mental e físico para os índios, (Plínio tem um texto magnífico sobre o suicídio de uma última tribo que li no Teatro Lilian Lemmertz) os afrobrazileiros, a quem devemos nosso suingue e compreensão da Tragédia e da Comédia Grega, aos emigrantes, aos marginais, ao pop, à Radio Nacional, ao Circo, e em 1967 surge a revolução teológica de sagração da sexualidade de José Vicente, em “Santidade” a revolução do homosocial, quer dizer do homem e mulher afetivos, como agentes poder político em “Cordélia Brasil”, uma geração de grandes autores que nem dá pra mencionar: todos influenciados pelo Marco: Plínio. No cinema vem Glauber, detectando os tremores da Terra em Transe do momento, Helio Oiticica tirando o quadro da parede e vestindo, e criando os ambientes penetráveis e sensuais, como a Tropicália, que batizou o movimento sincrônico. Helio como Plínio é Santo Demônio, Exu de terreiros como o montado atualmente na Magnífica INHOTIM a 50km. de Belô: O Magic Square, o Terreiro de Helios, do Sol, de Delphos Apolo no Brazyl; Caetano compunha Tropicália, Gil introduzia a Guitarra elétrica, operários, estivadores, trabalhadores rurais, estudantes, lutadores armados de vanguardas revolucionárias, intelectuais, tomaram as ruas, e somente foi tudo impedido por um violento 2º Golpe Militar o Ai5! Que feriu, matou, torturou mas não conseguiu matar o que não morre jamais, o instinto de Arte, de Criação permanente de sobrevivência, e transvivência dos povos e dos artistas. O Gigante Marco, Plínio Marcos hoje mais que nunca retorna sempre. Simplesmente falar o que ele escreveu, é invocar um mantra.

Seus livros são sagrados, escritos na língua vinda do Amor&ódio, Paixão, da Multidão de Ovelhas brancas ou negras, que querem simplesmente libertar-se da sua escravidão a um Rebanho de Ovelhas Dominadoras, dominadas, que precisam de Pastores, pois mantêm Guerras, Criminalização das Drogas para Indústria de Morte Armamentista, o Racismo, a Homofobia, a Tortura, o Apartheid social, e a concentração do Capital, numa forma fundamentalista: O Capitalismo.

Qualquer fala de Plínio é uma Bomba Cultural, neste Rebanho Pastoreado pelo Mercantilismo e já contribui para as brechas que hoje denunciam as rachas num sistema que parecia inviolável.

Sua palavra vai atravessar todos os muros, e vai ser transcriada em todas as línguas creollas do mundo, pois é universal.

Plínio é antes de tudo um de nossos maiores Poetas Profetas.

Uma Biografia, uma ópera de Carnaval, um Enredo de escola de Samba que vá mais fundo, tem de aparecer detalhando o roteiro deste ser mortal que foi passando como Gorki por todas universidades da vida para trazer seu verbo além do bem e do mal, sagrado-profano, lindo, concreto, poético, vazando as velhas Escrituras, as velhas Muralhas, estabelecendo-se para a eternidade até no Teatrão. Jean Genet teve uma à sua altura. Nós vivos, precisamos de uma, urgente, escrita da vida dele, na língua dele, à sua altura, baixura e musical harmonia.

Me deu água na boca.

Tenho a imensa honra da estreia pública de “Navalha na Carne “ter sido feito no Oficina e da luta que tivemos todos que travar para que nossas peças ficassem em cartaz, não fossem invadidas pelos terroristas que invadiram ‘Roda Viva” e que nos ameaçavam todos. Plínio participou em 1968 do “Ministério da Cultura” que era a Comissão Estadual de Teatro do Estado de São Paulo, no reinado de Antigo Chanel: Cacilda Becker, com ela e toda classe Teatral em desobediência civil transmutamos a história do Brasil e do Teat(r)o a partir daí com uma vertente aberta de lutas parindo esta nova era.
Somente seu nome, justificaria a nossa luta hoje juntamente com a Escola de Samba Vai Vai, pelo Tombamento do Bairro do Bexiga, sua revitalização e ida ao encontro de seu destino urbano: ser o Ponto de Encontro de todos os Ghetos de SamPã, o nosso Centro Cosmopolita desta babel que na cultura se entende cada vez mais.
Viva os 10 anos de Ethernidade do Marco Navalhado da revolução Cultural Brazyleira
Plínio Marcos
EVOÉ POETA GREGO NEGRO DE SAMPÃ

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